Alireza Jafarzadeh, Vice-Diretor do NCRI-US, apresenta imagens de satélite do local do míssil Shahrud durante uma coletiva de imprensa, que expõe o desenvolvimento secreto de ogivas nucleares de Teerã para o míssil Ghaem-100. Foto: Reuters
No final do mês passado, o grupo dissidente Iraniano (Conselho Nacional de Resistência do Irã (NCRI)) divulgou um relatório alegando que o regime Iraniano está desenvolvendo secretamente ogivas nucleares para mísseis balísticos capazes de atingir a Europa.
De acordo com o Comitê de Defesa e Pesquisa Estratégica do NCRI, que se baseou em relatórios da Organização Mojahedin do Povo do Irã (PMOI/MEK), os programas de mísseis balísticos em Shahrud e Semnan estão diretamente ligados à entidade de armamento nuclear de Teerã, a Organização de Inovação e Pesquisa Defensiva (abreviada do persa como SPND).
As instalações em Shahrud e Semnan são descritas pelo governo Iraniano como sendo responsáveis pela pesquisa de foguetes e satélites. No entanto, o NCRI alega que ambos os locais estão “em total coordenação com a entidade de armamento nuclear do regime”, a SPND.
O relatório diz que o Irã está atualmente realizando pesquisas sobre mísseis balísticos de combustível sólido e líquido capazes de transportar ogivas nucleares. A NCRI afirma que o Irã recebeu ajuda da Coreia do Norte no desenvolvimento de seu programa de mísseis balísticos. O míssil Iraniano Ghaem-100 foi copiado de um projeto Norte Coreano e desde o início foi projetado para transportar ogivas nucleares
No local de Semnan, o NCRI disse que o Irã está desenvolvendo o míssil balístico Simorgh, também baseado em mísseis Norte Coreanos, que usa combustível líquido e tem um alcance de mais de 3.000 quilômetros (1.864 milhas).
O NCRI alega que o regime tentou ocultar a expansão do local de desenvolvimento e teste de mísseis balísticos em Semnan, sob o disfarce do Terminal de Lançamento Espacial Imam Khomeini.
Soona Samsami, representante do NCRI nos EUA, disse ao site de notícias Britânico The Telegraph que o grupo iraniano SPND é “mestre em mentiras, enganos e evasão”.
“Por mais de duas décadas, eles têm usado as negociações e a leniência do Ocidente como meio de avançar seu programa de armas nucleares, ameaçando a paz e a estabilidade globais”, disse Samsami.
Ela também alertou que a posição enfraquecida do Irã após as vitórias israelenses contra seus representantes, o Hezbollah e o Hamas, não impediu o regime de buscar armas nucleares, mas aumentou sua determinação.
“Teerã nunca esteve tão fraca e vulnerável como está hoje”, afirmou ela. “O desesperado regime Iraniano está, portanto, acelerando o desenvolvimento de armas nucleares.”
O NCRI alega que o Irã desenvolveu especificamente as instalações de Shahrud e Semnan como locais de uso duplo, devido à natureza compartilhada da tecnologia necessária para lançar satélites na órbita da Terra e para o desenvolvimento de mísseis balísticos de longo alcance.
As imagens divulgadas no relatório do NCRI mostram que a maioria das instalações construídas nos últimos anos foi projetada para evitar a vigilância por satélite, sendo que grande parte da infraestrutura fica abaixo do solo.
O relatório chega no momento em que o próprio Irã anuncia a abertura de uma “cidade de mísseis” subterrânea projetada para abrigar e proteger seus mísseis contra ataques de forças hostis, e no momento em que o Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu visita Washington, D.C. para conversar com o Presidente Donald Trump sobre uma série de questões, incluindo a ameaça Iraniana. Espera-se que Netanyahu levante com Trump a possibilidade de um ataque direto às instalações nucleares Iranianas.
Embora Trump tenha expressado sua preferência por uma solução diplomática, ele também manifestou apoio à ideia de um ataque militar com o objetivo de destruir as instalações de armas nucleares do Irã.
Apenas dois dias após a divulgação do relatório, o Irã revelou um novo míssil balístico, chamado Etemad, capaz de percorrer 1.700 quilômetros (1.060 milhas), colocando grande parte do Oriente Médio, inclusive Israel, dentro de uma distância de ataque.
Durante a revelação, o Presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que os desenvolvimentos militares do Irã recém-anunciados tinham o objetivo de “garantir que nenhum país se atreva a atacar o território iraniano”.