Os Palestinos fogem de Rafah para Khan Yunis, depois que o exército Israelense ordenou a evacuação de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. (Foto: Abed Rahim Khatib/Flash90)
Após vários meses de operações na frente norte, ao longo da fronteira com o Líbano, as tropas da Brigada Golani, sob o comando da 36ª Divisão, retornaram recentemente à Faixa de Gaza.
Na semana passada, as tropas da Golani operaram na área de Rafah a fim de localizar e desmantelar a infraestrutura terrorista remanescente na área, incluindo edifícios usados por terroristas e posições de observação e de tiro.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão ampliando lentamente suas operações na Faixa de Gaza. Na segunda-feira, o porta-voz em Árabe das IDF, coronel Avichay Adraee, reiterou seu apelo para que os moradores de Gaza evacuassem os bairros de Deir al-Balah, na região central da Faixa de Gaza.
“Repetimos nossos avisos urgentes a todos os residentes da Faixa de Gaza presentes na área de Deir al-Balah nos bairros de: Al-Sahaba, Al-Samah, Al-Awda, Al-Zawaida e Al-Salah”, postou Adraee na mídia social. “Este é um último aviso prévio antes do ataque! Atacaremos com força extrema todas as áreas usadas para lançar foguetes.”
“As organizações terroristas, principalmente o Hamas, têm total responsabilidade pelo deslocamento e sofrimento dos civis”, declarou Adraee. “Para sua segurança, vocês devem se deslocar imediatamente para o sul, para os abrigos conhecidos em Al Mawasi.”
A maioria dos avisos de evacuação emitidos até o momento foi principalmente para os residentes de Beit Hanoun e Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, Rafah, no sul, e Shejaiya, a leste da Cidade de Gaza, e, nos últimos dois dias, para os habitantes de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza.
Também na segunda-feira, as forças da IDF avistaram territórios e construções de torres de guarda em partes da Faixa de Gaza que retomaram nos últimos dias. Isso faz parte de uma ofensiva renovada em que as IDF tomaram e limparam grandes extensões de território para a construção de zonas de segurança. Os militares emitiram vários avisos de evacuação para centenas de milhares de residentes de Gaza em toda a Faixa de Gaza desde que retomaram as operações em 18 de março.
De acordo com uma reportagem do Channel 7, o Hamas declarou recentemente que Rafah é uma “zona de desastre” devido à destruição sem precedentes da infraestrutura civil e pública. O relatório afirmou que cerca de 90% das casas em Rafah foram completamente destruídas, com danos maciços à infraestrutura civil, incluindo estradas, poços e esgoto.
O Al-Asharq Al-Awsat, afiliado ao Qatar, informou ontem que os recentes assassinatos de altos funcionários do governo do Hamas levaram a um vácuo administrativo na Faixa de Gaza e prejudicaram a administração do Hamas sobre o território, inclusive causando atrasos no pagamento dos salários dos funcionários do Hamas.
O jornal Al-Akhbar, sediado no Líbano, citou uma autoridade não identificada do Hamas que disse que a polícia e as autoridades do governo do Hamas também são alvos de assassinatos.
Muitos dos residentes de Gaza expressaram extrema frustração com sua situação, devido à destruição generalizada, às repetidas evacuações e à falta de renda.
Muhammad Sheikh, morador de Rafah, disse ao Al-Asharq Al-Awsat que está cansado das constantes evacuações.
“Esta é a oitava vez que somos evacuados”, disse Sheikh ao canal de notícias Árabe. “Minha casa foi bombardeada e minha mãe foi morta. Minha esposa e três de minhas filhas ficaram feridas - e então decidimos evacuar para Khan Yunis, onde nos mudamos de um abrigo de refugiados para outro até voltarmos para Rafah. Montamos uma barraca sobre as ruínas de nossa casa e, depois de um mês ou um mês e meio, a situação voltou a ser a mesma e piorou e, desde então, de evacuação em evacuação. Em minha vida, nunca estive tão exausto como no último ano e meio.”
Ahmad Kawara, outro morador de Rafah, contou ao Asharq Al-Awsat como está exausto e disse que está pensando em emigrar voluntariamente de Gaza.
“Estamos novamente reconstruindo nossas vidas em uma tenda, vamos lidar com os desastres da falta de água e comida. Desde que nasci, só vivi em meio a guerras. Guerra após guerra, e não há nada mais difícil do que nossas casas serem destruídas”, disse Kawara. “Estamos exaustos com esta vida e é melhor morrermos. Queremos calma e que a guerra acabe. As pessoas estão exaustas, emigrar da Faixa de Gaza é melhor do que viver lá. Espero que minha família e eu saiamos da Faixa de Gaza para que possamos nos acalmar das coisas difíceis desta vida, evacuação após evacuação. Estou determinado a deixar a Faixa de Gaza após a guerra”.
Enquanto isso, seis organizações de ajuda da ONU, incluindo a UNICEF, a Organização Mundial da Saúde e a UNRWA, emitiram um alerta conjunto sobre um colapso humanitário iminente em Gaza. De acordo com as organizações, o embargo de um mês a produtos e ajuda está levando a uma crise.
“As alegações de que há alimentos suficientes para todos os Palestinos em Gaza estão longe da realidade no local, e os estoques estão se esgotando rapidamente”, diz a declaração das organizações. “Isso é um completo desrespeito à vida humana”.
A IDF afirma que o aumento da quantidade de ajuda humanitária que entrou durante o mais recente acordo de reféns e cessar-fogo significa que ainda há suprimentos suficientes para a população, desde que o Hamas não guarde a ajuda destinada à população civil.
